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A nova sinalização do trânsito (14 de junho de 1983)

Delegado de Trânsito e presidente da Comissão Municipal de dito Trânsito deu roupagem nova à sinalização oficial em toda a cidade, especialmente no centro urbano. Motorista que não tenha obtido carteira por telefone e que tem por obrigação conhecer os sinais oficiais consubstanciados no Código específico, não tem nenhuma razão para ser infrator. Basta observar e obedecer a sinalização. Só isso. Todavia, convém o motorista fazer os sinais convencionais e compulsórios de conversões. Em palavras outras, ligas as setas direcionais, para orientar os semelhantes. Nada custa, não quebra osso e demonstra que no volante de um veículo existe uma criatura consciente e conscientizada, que respeita a Lei e, sobretudo, detentora daquilo que se chama comezinhamente “educação”. --+-- O Fundo Mundial de Vida Selvagem está dando divulgação a um relatório, informando sobre a realização que discutiu medidas de proteção às baleias. A convenção, de fundo internacional, realizou-se em Botsuana

Cabo do Exército (06 de junho de 1983)

Foram muitos anos. Foi em 1943. Eu me encontrava servindo o Exército. Tinha a graduação de Cabo. Havia um curso geral de Transmissões, que me habilitava ao grau de 2º. Sargento. Executava funções que tais, assim era considerado, mas não havia na ocasião sido ainda promovido, por falta de vaga. O que vale dizer, operava como Sargento e recebia como Cabo. Fôra designado para ministrar aulas de comunicações radiotelefônicas aos pelotões de transmissões de duas companhias de fuzileiros. No Exército, quem leciona não é professor. É monitor. Eu era monitor. Era uma segunda-feira. Sol escaldante. Eu havia recebido simplesmente a ordem de ensinar. Nenhum programa, nenhum currículo, nenhum diagrama. Cabia-me, então, aquilatar até que ponto os soldados haviam progredido ou estacionado nos estudos daquela área, para poder ministrar o temário improvisado e a meu bel escolher. Era assim. --+-- Apresentei-me ao comandante de uma das companhias para a qual eu fora designado. Este enc

Bate papo com um caboclo (24 de maio de 1983)

Comentei, em especial, um bate papo estabelecido com um caboclo, possivelmente analfabeto de pai e mãe. Como havia dito, em se tratando de um homem de pouca escolaridade, por isso mesmo uma pessoa inculta, mesmo com seu linguajar distanciado da gramática e da pronúncia vernacular exata, vi no caipira um espírito arguto e uma criatura de profundo sentido observatório. Dentre outras coisas e além dos motivos por mim revelados, disseram-me outros pensamentos através de sua palestra espontânea e de certa forma previamente sensata. Por exemplo: - Parece que o eleitorado brasileiro não está ainda convenientemente preparado para a abertura política local. Ele ainda vota em barganha, em coronéis, em pessoas que prometem empregos ou vantagens. - O Governo da Revolução está certo. Quem não está certo é o escalão de seus administradores e ajudantes. Estes, ou ocultam do Governo a verdade, ou distorcem os fatos e informam de maneira errônea, porque não é acreditável que o Gove

A maioria não (22 de maio de 1983)

Deus fez o mundo em seis dias. No sétimo, descansou, após concluída a grande tarefa. Hoje é domingo, dia de descanso. Para a maioria. Há os que não descansam, que estão no batente, por questões obvias e atinentes de deveres próprios. A maioria, não. A maioria não agarra hoje. Não trampa, como dizem os giriomaniacos. Mas há uma outra maioria. Essa, a que consegue descansar de segunda a domingo, de janeiro a dezembro, ininterruptamente. Esse só engana que trabalha. E que, indiscutivelmente, vive melhor, bem melhor, do que os que trabalham no duro, de sol a sol, de segunda a domingo, de janeiro a dezembro. Como é dia descanso, coluna descansa do rotineiro, de sua linha habitual, de sua conduta normal. Nada de citar-se as altas de preços, as elevações do custo da gasolina. Nada de comentar as teorias do Ministro Delfim Neto, sua numerologia equacional, aquela que sem solução equacionatória para o zé povinho. Zé povinho vai assistir futebol hoje. Santos e Mengo, doi

A emoção da primeira vez numa redação de jornal (21 de maio de 1983)

Quando, pela primeira vez, fui ter à redação de um jornal, minha emoção se irradiava com a mais absoluta certeza. A expectativa transpirava, mesclada de um certo temor e enorme ansiedade. Levava na mão duas colaborações manuscritas: o fragmento de um miniconto, eivado de um péssimo humorismo e um poema em sextilha – todo calouro em jornalismo ou literatura gosta de escrever poemas e poesias líricas. Seo Eloy era o redator-chefe, o repórter, o revisor, o diagramador do jornal. Tinha que ser um eclético, porque o proprietário do hebdomadário tinha outras atividades e naquele tempo, ser dono de jornal era apenas um “status”, somente que mais elevado e mais dignificante do que ser proprietário de um barra ou um empório. Pediu-me que deixasse os originais, pois ele estava muito ocupado. Que passasse dias após, para saber o que ele pensaria dos escritos. Agradeci, com um sorriso amarelo, e saí. --+-- Dois dias após, voltei ao jornal. Seo Eloy me recebeu de modo diferente. Ma

1934 ou 1935? (19 de maio de 1983)

1934 ou 1935, era o ano. Não consigo precisar muito bem, pois eu era criança ainda e o enfoque que aqui passarei a referir, não exercia sobre mim nenhum fascínio e nem tão pouco me motivava. Visava-se eleger o Presidente do Estado de São Paulo – naquela época era Presidente e não Governador. Me parece que Júlio Prestes era o candidato forte. O outro, se não me falha a memoria, era o Campos Salles. Isso não importa, deixemo-lo para lá. Os partidos eram dois. O PRP – Partido Republicano Paulista – e o Partido Constitucionalista, PC. Os homens só falavam sobre as eleições. O eleitor, regra geral, era menos culto que o de hoje (1983) . Isto, vale lembrar, que as eleições só poderiam ser bagunçadas e de péssimas escolas. O interesse era o mesmo de hoje: vantagens e empregos. Lembro que um amigo de meu pai, semianalfabeto, que nem siquer sabia o que é um comprimido de aspirina, que nenhuma noção tinha sobre farmácia, laboratório ou medicina, fôra nomeado pelo Governo, Chefe do C

Pensamento temerário (18 de maio de 1983)

Este pensamento é até algo temerário. Mas, como tem sido invariavelmente acertado, aqui à lume. Matéria esta foi escrita ontem (17/5/1983) , no período matutino. Todo mundo sabia que o Ministro Delfim Neto iria ainda, no mesmo dia de ontem, entrevistar-se com os ocupantes das macias poltronas vermelhas do Senado Federal. Para uma exposição de motivos – o jeito inofensivo e elegante de justificação. O palpite deste pensamento: vai ficar tudo na mesma. Com absoluta certeza, o Ministro chapiscará golfadas de otimismo, pintará tudo cor de rosa e os Senadores, como sempre, ficarão satisfeitos com as explicações – engolindo a isca, o anzol e a chumbada. Só que, cá em baixo, o zé povinho, este não ficará satisfeito. Apenas porque ele, o zé povinho, tem o péssimo defeito de não comer cifras, números, teorias e explicações que lhe não enchem a barriga. Se, em contrário, o resultado for outro, ou, então, inverso, aqui vai a propositura de desculpa em tempo hábil e tempestiva

Burlando a lei (17 de maio de 1983)

Por certo, em todos os países do mundo muitos habitantes dessas mesmas nações esmeram-se, estudam, colimam e cogitam e acabam burlando as leis. Também, por certo, poucos serão os países onde seus habitantes conseguem perder para os brasileiros. Maninho, aqui “o barato”, o “status”, a “tradição”, o “tradicionalismo”, é infringir, pisotear, desrespeitar e ignorar a lei. Nisso o nacional ganha de goleada, nadando de braçadas. Genericamente falando, entendido fique. --+-- Você entra em um elevador. Tem lá uma plaquetinha com a inscrição “é proibido fumar”. Pode notar, que, invariavelmente, tem um cabeça de bagre com um cigarro senão na boca, pelo menos entre os dedos. --+-- Código Nacional de Trânsito proíbe terminantemente as condições do tipo motocicleta e similares de trafegarem sem o miolo nos canos de escape. Note que o que é mais difícil é perceber-se ou encontrar-se uma motoca com o miolo do escapamento. --+-- Desde 1934, o então presidente Getúlio Dorne

A liberdade de imprensa (15 de maio de 1983)

O deputado Paulo Mincarone, do PMDB do Rio Grande do Sul, vem de apresentar na Câmara Federal, um projeto oportuno, necessariamente oportuno e que diz respeito direto ao exercício profissional de jornalistas. O referido projeto assegura o acesso de jornalistas profissionais a todos os órgãos públicos e entidades oficiais, independente de licença ou credenciamento de qualquer autoridade. Na exposição de motivos justificadores da apresentação de citada propositura, o parlamentar gaúcho argumentou: “chegou-se a uma forma requintada de cercear a liberdade de imprensa com a cassação  de credenciais e a proibição de circulação de jornalistas em órgãos públicos”. Referido projeto disciplina também o acesso à documentos ostensivos e exclue de sua aplicação os estabelecimentos militares de qualquer natureza e os órgãos e serviços de informação, que exerçam atividades de caráter reservado, sigiloso ou secreto. Muito boa, justa e adequada a medida. Resta que a Câmara a aprove,

Por ar ou por mar? (12 de maio de 1983)

Sempre assim. A morola briga com a pedreira e quem paga o pato é o siri. Os líbios arrumaram essa encrenca dos diabos, que todo mundo conhece, inclusive eles próprios. Os aviões da Alitalia pediram ao Governo brasileiro a bagatela de 150 mil dólares para transportar o armamento. Agora vai por mar mesmo. Fica um pouco mais em conta. Não representa uma boa economia para a gente? Bah. --+-- Sinceramente. Sob alguns aspectos, parece que o movimento de alguns escalões da autoridade e da própria administração superior, não tem lá os resquícios de sinceridade que de inicio poderia parecer. Com todo o patriotismo que a gente pode dispor, não dá para se acreditar que exista mais lealdade e interesse nacional, do que conveniências de alguns. Por mais que a gente bote fé no Presidente Figueiredo, humano e patriota como é, fica aí um leve desconfiar, que há interessados em sua continuidade, sem o patriotismo e a brasilidade incontestáveis do General João Baptista.

38º. aniversário do fim da II Guerra (10 de maio de 1983)

Por determinação do General Walter Pires, Ministro do Exército, as comemorações militares referentes ao transcurso do 38º. Aniversário do final da II Guerra na Europa, ocorrido domingo último ( 8 de maio de 1983 ), foram antecipadas para sexta-feira passada, afim de deixar livres as comemorações do Dia das Mães. O ato, ressaltado em Ordem do Dia Especial do referido Ministro, foi marcado em todos os Quartéis e na maioria deles, os ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira se fizeram representados. --+-- Uma delegação de pracinhas marilienses, atendendo convite especial, formulado pelo Tenente Coronel Guedes, comandante do 37º. Batalhão de Infantaria Motorizado, sediado em Lins, ali compareceu, sob o comando do Major Lyra. Eu participei, como de vezes anteriores, desse acontecimento. Embora muito falte ainda, para que os Governos amparem condignamente seus heróis da FEB, mesmo de passados 38 anos do final da guerra, são confortadoras essas homenagens que os

A senhora morreu com sede, mamãe? (08 de maio de 1983)

O velho-novo espanhol, imigrante e semianalfabeto, era pai de sete filhos, em vésperas do oitavo.  Manoel, era o seu nome. Os anos de 1931, 1932 e 1933, ele os havia passado na mesma fazenda, como colono, “tocando” seis mil pés de café velho e bem formado. Ele e a mulher, a Josefa, davam duro no cafezal, de sol a sol. A mulher levantava invariavelmente às quatro da manhã, fazia o café e o almoço. O homem ia cedinho para a lavoura e a esposa depois de cuidar da casa, alimentar as crianças – que deixava aos cuidados da  mais velha das mulheres, a Isaura, de 8 anos – levava o almoço para o marido e lá ficava até o sol apresentar duas braças de fora.  Então regressava para casa. Zéca era o filho mais velho. Tinha cerca de 11 anos, mas não parecia tanto, pois era magrinho, pequeno, quase raquítico. Trabalhava de sol a sol. Ele e o Joaquim, um negrinho que era seu “irmão de criação”, cortavam diariamente lenha nos pastos, que vendiam em carro-de-boi na cidade 12 quilômetros

O santo protetor dos ciclistas (05 de maio de 1983)

Tem ocasiões que eu chego até a pensar, que o Santo protetor dos ciclistas, nasceu em Marília, ou é de Marília ou até pode residir em nossa cidade. Maninho, o que tem de bicicleta entre nós, que escapa diariamente, minuto a minuto, de morrer debaixo de caminhão, ônibus e automóvel, não está escrito em nenhuma lista telefônica! --+-- Pessoa de São Paulo, lá nascida e criada. Que dirige seu próprio automóvel na paulicéia, que viaja seguidamente para Santos, Campos do Jordão, Campinas e outros centros esteve dia destes em nossa cidade. Ficou encucado com o trânsito em Marília. Disse-me não entender três pontos: A cidade é bonita, agradável, de um povo culto, como provado está pelo número de suas Faculdades e Cursos Superiores. A sinalização de trânsito é bem feita, bastante visível, facilmente orientadora, discriminando as proibições e permissões de tráfego, as mãos de direção e os locais de estacionamentos. Ante isso, ele não entendeu, como é que os motorista